Amplo debate se trava sobre os escândalos que enlameiam a política e a iminente queda de Temer.
Alguns defendem para a escolha do substituto de Temer eleições diretas ou indiretas, outros eleições diretas amplas.
Trata-se de uma manifestação sem consistência e inócua.
Parece que esquecemos todo o conhecimento adquirido, com amplo gasto de energia, da impossibilidade de se governar neste modelo de coalizão que temos, e a conclusão da necessidade premente da reforma institucional brasileira.
Para os que querem mudanças nas ações praticadas pelo atual governo e que defendem eleições diretas para presidente, fica a pergunta: - o que o novo mandatário poderia fazer com esse congresso que aí está?
Conseguirá o novo governante reformar o que o Congresso e Temer aprovaram?
Terá apoio parlamentar para promover mudanças; ou qualquer tentativa de fugir ao "modelo" hegemônico provocará desgaste intenso como ocorreu com o governo Dilma?
Para os que querem eleições diretas e amplas, fica a pergunta: - qual Congresso elegeremos dentro deste mesmo modelo que não foi reformado? Tal congresso terá forças para não seguir o que o capital e o seu braço mídia determinam?
Para os pretendem jogar a incompetência para os eleitores, alegando o de sempre - que o povo não sabe votar - basta um rápido estudo para se observar que todos os parlamentos, federal, estaduais e municipais, sofreram renovações em torno de 50% nas mais recentes eleições.
A direita que pretende manter o que aí está, encontra ampla vantagem em emplacar os seus princípios, mesmo que vença o que querem as esquerdas - eleições diretas, presidenciais ou amplas.
O motivo é que dentro da desorganização da sociedade pós-moderna, uma mínima aglutinação de forças só é perceptível na vertical - estrutura da direita.
A esquerda, em sua estrutura conhecida - a organização horizontal - se esfacelou.
Bauman explica isso muito bem, ao constatar em seus estudos a fragmentação, separação e segregação a sociedade, no que ele chama de mundo líquido.
Essa foi a grande vitória do modelo. Separar o todo em partes e isolá-los. O sistema se aproveitou.
Por isso o desespero de se apresentar o novo, sem sequer conhecer onde está a primeira pedra do alicerce.
As esquerdas já não encontram a base horizontal de outrora para a sua reconstrução.
O povo separado, a igreja que já não consegue apresentar caminhos, os intelectuais perdidos, ou mesmo inexistentes na atualidade, sem líderes consistentes, e sem o movimento trabalhista aglutinador de forças, de outrora.
É nítido para todos que o modelo faliu. Mas, não há alternativas a se apresentar, e, pior ainda, a falta de grupamentos unidos que imponham a quebra do status quo.
Não há pensamento de base, e organização, para se pretender qualquer mudança consistente e séria.
A movimentação é desesperada, inconsistente e inócua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário