sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Onde detonará a primeira bomba?

Está posto pela composição das provas coletadas pela justiça que o problema do desvio dinheiro atinge a todos os partidos detentores do poder. Mais surpreendente ainda é a constatação de que mesmo os partidos se alternando no poder,  as empresas corrupturas continuaram praticando a corrupção.

Se a população muda os políticos, muda os partidos e tudo continua na mesma, estes dados inferem não um problema propriamente da estrutura política partidária, e sim algo ainda maior, uma falha de sistema.

Estudos da Ciência Jurídica, da Ciência Política e da Sociologia indicam que quando há uma falha de sistema, apenas a repressão por parte da justiça não é suficiente para exercer o controle esperado.

Se há uma falha no sistema só se corrige o problema com uma reforma ampla que corrija a própria estrutura, e além dela, que modifique o sistema.

Seria uma mudança radical no "status quo" do modelo de representação. Então, essa mudança só se daria a partir de fora do próprio sistema. E, no Brasil, só há duas forças capazes de impor tais mudanças; as forças populares e a mídia.

As forças populares pelo próprio anunciado de todas as democracias, estabelecido logo no início da Constituições Federais "todo poder é emana do povo..."
Por essa via, seria necessário que já houvesse uma organização, uma sistematização que tornasse possível convocar com sucesso grandes manifestações, não me parece que essa condição ocorra na atualidade. A segunda possibilidade, dentro dessa via, seria ações reivindicatórias isoladas e violentas que ganhasse capilaridade até o ponto de formar manifestações de grande porte, forçando o sistema a se abrir e se modificar.

A outra via seria através de uma campanha midiática diária e sistemática que forçasse a mudança. Essa forma de indução ocorreu recentemente duas vezes aqui do país e de forma bastante emblemática. A primeira foram os movimentos de 2013, quando a mídia conseguiu transformar as manifestações por melhoria de transportes do MPL, de esquerda, por uma série de ações organizadas de direita, tomando as bandeiras do MPL (Movimento Passe Livre) e entregando -as ao MBL (Movimento Brasil Livre). A outra ação de indução realizada pela mídia visou derrubar governo de Dilma para implantar o chamado "pacote de maldades de Temer".

Essa ação de indução pela mídia se torna praticamente impossível pelo próprio lado que a mídia optou por fazer parte, sendo ela a responsável pela formação deste sentimento de antipolítica da nossa população.

Muitos, assim como eu, devem estar dizendo; pô, então não será possível fazer mudança.

É exatamente nesse ponto que se forma uma catarse coletiva, que pode gerar os acontecimentos descritos na segunda possibilidade de ação das forças populares.

Esse é o risco dos regimes rígidos, seja uma ditadura, oligarquia, um estado totalitário, qualquer outra forma que a afaste a população dos ditames do país. O sistema sabe disso, por isso se arma através da feitura de várias leis draconianas (algumas feitas inclusive nos governos do PT como a famigerada lei antiterrorismo); através da justiça leviatã, avessa ao garantismo e praticante do achismo ("não tenho provas, mas tenho convicções fortes") e por um aparato policial violento que age acima das leis.

Essas são situações encontradas em todo o mundo, nas suas devidas proporções.
Há um nítido rompimento entre as populações e suas instituições que deveriam ser representativas. No desespero, estamos elegendo radicais que prometem messianicamente um mundo melhor,  tal qual igualzinho a Trump e Bolsonaro, isso depois das tentativas de melhorias pela eleição de governos de centro-esquerda e pelo centro-direita.

A história se repete. O que ocorrerá dependerá apenas da disposição da elite dominante. Ou o sistema se abre e cede para que ocorram avanços na democracia pela redistribuição de valores e riqueza como ocorreu nos EUA e Europa, em virtude dos movimentos da década de 50/60, ou o sistema, para se proteger dos movimentos que estão para explodir, se feche mais ainda, como ocorreu na França e desencadeou a revolução francesa.

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