segunda-feira, 18 de julho de 2016

Do golpe muito se falou. E da nova forma de ditadura que se instala?

Do golpe muito se falou. E da nova forma de ditadura que se instala?

Ficou claro para a comunidade internacional e para setores nacionais comprometidos com o desenvolvimento do país que o impeachment contra Dilma se trata de golpe disfarçado para convencer (apenas os incautos) da sua legalidade.

Sem legalidade e sem a legitimidade da entronização via escolha direta pelas urnas, o novo governo não se sustentará pelas vias democráticas.

Golpe de circunstâncias semelhantes
O momento presente, de fácil leitura em seus avanços inclusivos, com melhoria salarial, programas sociais diversos, foco na educação, resumindo, reformas de cunho social democráticos, exatamente em moldes como fizeram as democracias mais avançadas.

Sempre que se tentou melhorar o padrão de vida do povo - atenção que aqui também está incluída a classe média - derrubadas de governos foram pactuados pela elite e cegamente receberam o apoio da nossa e ignorante classe média.

A classe média brasileira, e historicamente reconhecida como protetora e babadora da elite.  Qualquer estudo irá apontar os invasores que por aqui chegarem para enviar nossas riquezas para Portugal e ficar com a sobra dela, os Capitães do Mato, os capatazes, formas mais sofisticadas colonizados como os juízes e parlamentares defendendo os interesses dos ricos. Quem há de negar essa formação com base na casa grande e senzala, que perdura, derrubam governos e criam ditaduras?

A classe média brasileira desconhece os benefícios para ela própria de reformas da social democracia.

Aceita e aplaude a teoria da social democracia, mas derruba qualquer governo que tente aplicar os instrumentos inclusivos.

A nova forma de golpe

Outros defensores dos privilégios alguns poucos foram forças armadas que não só deram guarita, como correram promotoras em conluio com a elite civil do golpe de 64. Não vamos nos esquecer que a imprensa foi defensora do golpe, reconhecendo sua estupidez em editoral da Globo.

Desta vez, quem se alia aos interesses exclusivistas e produz o golpe é o parlamento - que em 64 não foi autor, mais reafirmou cada um dos atos da ditadura - agora como autor e com auxílio do poder judiciário.

Forma tão clara e preparada, que um estudo realizado em 2007 por Aníbal Pérez-Liñán pela Universidade de Cambridge, cujo título foi enfático e premonitório,  "O Impeachment Presidencial e a Nova Política de Instabilidade na América Latina"', descreve: "após os regimes militares na América Latina, a opção foi por golpes não violentos, travestidos de impeachment".

A nova forma de ditadura que se instala

Como dito, sem legalidade devidamente constatada e sem a legitimidade da entronização via escolha direta pelas urnas, o novo governo não se sustentará pelas vias democráticas.

O governo nestas condições, a história comprova, terá que se utilizar da mesma forma que qualquer ditadura se sustenta.
Assim, não é de se estranhar que Temer e sua equipe já tenha coopitado a grande mídia e tentado calar a mídia independente tirando recursos financeiros e articulando com a justiça uma série de ações judiciais contra os jornalistas que criticam o governo.

Democracia vai muito além do voto. O exercício pleno dela inclui respeito à divergência, programas de inclusão e ampliação do que está posto, e todas as medidas possíveis que estabeleça condições semelhantes de oportunidades e disputas, tudo o que procure o equilíbrio, condição indispensável para que a democracia seja alcançada.

A tentativa de esvaziamento da EBC corrobora tal afirmação. A famigerada proposta da "escola sem partido", a disposição em acabar com o ministério da cultura, área eminentemente de crítica e propositiva, a derrubada de auxiliares e técnicos que divergem do pensamento. Tudo no sentido formar um pensamento único, de reprimir e calar todos os que possam criticar a criatura.

Inocentemente (será?), o governo ora derrubado, apoiou uma série de ações e projetos de lei que visam reprimir qualquer manifestação contrária aí que está posto, como a cretina lei antiterrorismo, entre outras. A educação é esvaziada. O Ministério da Justiça se arma.

O atual governo já aplicou, e ensaia uma série de outras ações para desmantelar as conquistas da social-democracia implementadas pelos governos anteriores, e isso é claro e insofismável.

Se estamos presenciamos um golpe com nova formatação, também estamos entrando em um período de ditadura com nova roupagem.

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